tag:blogger.com,1999:blog-86093423421020979502024-03-23T03:14:00.027-07:00Majestosa monotoniaIgor Camposhttp://www.blogger.com/profile/05330180502034694092noreply@blogger.comBlogger77125tag:blogger.com,1999:blog-8609342342102097950.post-67424570313264195982017-02-08T07:58:00.001-08:002017-02-08T07:59:17.034-08:00Migração<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgw3hKuqNpuKSRxole5KRUE0GM0oaVV5iD1zkxmDLm6X3yhCWv-N2lCzbiXXariAwl4yb3GNLkN1LIpApY47NvyP7NXZ9oPx9z2wh3NU_G7ueaQmuepRw1LuDFSk8vEFZdbz7hYVNB8iBg/s1600/generic%252Bmigratory%252Bbirds.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgw3hKuqNpuKSRxole5KRUE0GM0oaVV5iD1zkxmDLm6X3yhCWv-N2lCzbiXXariAwl4yb3GNLkN1LIpApY47NvyP7NXZ9oPx9z2wh3NU_G7ueaQmuepRw1LuDFSk8vEFZdbz7hYVNB8iBg/s400/generic%252Bmigratory%252Bbirds.png" width="400" /></a></div>
<div>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
"Majestosa Monotonia" serviu ao meu desejo de escrita desde 2009, quando eu descobri que havia uma escrita minha, autoral, e que ela poderia ser compartilhada.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Neste blog publiquei minhas poesias, sobretudo, e alguns textos que hoje eu já não escreveria. Mas escrevi, e na linha do nosso tempo não há remendos. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por isso estou migrando. Migram, comigo, muitas poesias e alguns artigos passados para <a href="http://blogdoigu.wordpress.com/"><b>blogdoigu.wordpress.com</b></a>.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O endereço é novo, mas a monotonia é a mesma – como se pudesse não ser.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
CONFERE LÁ: <a href="http://blogdoigu.wordpress.com/"><b>blogdoigu.wordpress.com</b></a></div>
Igor Camposhttp://www.blogger.com/profile/05330180502034694092noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8609342342102097950.post-50018954057263163892015-10-12T14:11:00.000-07:002015-10-12T14:11:00.081-07:00Selo<div style="text-align: justify;">
Vi nossos postais como quem abre um sorriso pela primeira vez. Na estante empoeirada jaziam nossas primeiras últimas lembranças. Havia areia em meus olhos. Acordei na madrugada com os pés frios, descobertos. Nossa cama estava fria como se muitas águas nos roubassem o calor. </div>
<div style="text-align: justify;">
Abri meus olhos devagar: eu tinha as pestanas carregadas com peso de mil chumbos. Tornei a fechar os olhos, querendo selá-los até a eternidade. Pisquei-os repetidamente para afastar as moscas volantes. Meus músculos, antes relaxados, começavam a ser contraídos e, assim, levantei-me da cama. Cocei a cabeça, prendi meu cabelo com o prendedor azul-marinho que facilmente encontrei na cômoda – o que não queria encontrar jamais. Meu cabelo ficou triste, assim preso. </div>
<div style="text-align: justify;">
Meus verdes olhos, que segundo você eram de uma ressaca capitulesca, estavam profundos, fitos no reflexo do espelho. Me vi translúcida: como Narciso eu quis mergulhar – não para perder-me, mas para encontrar-te. </div>
<div style="text-align: justify;">
Pensei nos seus braços, tocando minha pele, assim como eu o fazia agora, e alegrei-me, esperando seu retorno. Seu corpo fluido, corredeiras de afagos, beijos quedas-d’água.</div>
<div style="text-align: justify;">
Quando comemorávamos nossas primeiras bodas na praia, você me deu um prendedor azul-marinho e mergulhou. Após minutos, não havia espaço em seus pulmões. O mar o tinha invadido. Lua no céu, sua alma na terra, seu corpo no mar. Seu corpo fechado, carta enviada à terra. </div>
<div style="text-align: justify;">
Foi então que desisti de mais sentir. Decidi: na terra não há mar. </div>
<div style="text-align: justify;">
Meu bem, estas são as últimas palavras que escrevo. Peço que não me abandone. Meu amor, para sempre sê-lo.</div>
Igor Camposhttp://www.blogger.com/profile/05330180502034694092noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8609342342102097950.post-41599011412519839412015-10-10T14:10:00.002-07:002015-10-10T14:10:35.296-07:00Oração<div style="text-align: justify;">
Deus é bom, mas será que ele existe mesmo? esses sinais da natureza, eu sinto mas às vezes duvido, como pode não ter Deus olhando aquela Vivi, ele existe sim!, aquele noivo dela idiota, ele que vem pra ele ver, vem idiota!, cai pra mão idiota!, você não homem pra ela, frouxo, ia acabar com o desgraçado, filho de uma égua, é homem pra trair ela e ficar naquela pose de santo, por isso que eu tenho raiva de crente, mas sou cristão, mas critico cristão sim porque maioria não vive o que prega, eu sei que é difícil, Deus, mas tem gente que nem tenta, a fé não toca a realidade, quer só barulheira em igreja e dízimo pra encher bolso de pastor, não quer ser cristão, idiota!, Vivi é voluntária seu idiota, ela sim sabe o que é fé, ela encarna a teologia da graça, e ela com aquele cabelo voando, quando te vi passar fiquei paralisado, tremi até o chão como um terremoto no Japão, uma batedeira sem botão, foi assim me vi na sua mão, e eu e ela, que legal!, ia ser tão linda, ela de noiva branca, naquele sítio, podia ser só eu e ela, sem mais ninguém, eu tocando o acordeon e ela colocando aquele cabelo atrás da orelha, ai, meu Deus, como eu queria dar um beijo naquela boca dela agora, aquele corpo lindo, nossa, meu Deus, me perdoa, Santa Maria, Mãe de Deus, não quis pensar isso, Deus, me perdoa pelos meus pensamentos, se ela fosse solteira eu ia querer namorar ela, mas ia ser tão complicado, perdão, Deus, me ajude a lidar com meus pensamentos, amém, vamos pensar em outra coisa, lá, vamo lá, céu, que céu bonito, com arco-íris porque choveu, e aquele filme antigo do Mágico de Oz que tem a música Over the rainbow, tem a versão que a Luiza Possi fez também, a versão daquele havaiano é muito chata, ninguém aguenta, muito chata, meu Deus, a versão da Luiza Possi até que ficou legal além do arco-íris, pode ser que alguém veja em meus olhos o que eu não posso ver, someday i'll wish upon a star and wake up where the clouds are far behind me, eu tentando fazer isso e vem tudo isso igual um estouro de boiada ... ... ... e a Vivi adorava ver Pantanal, porque todo mundo falava que ela parecia a Juma, meio onça, aquela música tocando, eu tenho um cavalo preto, por nome de ventania, e nós ali naquele pantanal, oh, Deus, perdão, de novo, queria pensar outra coisa, antes ela não tivesse namorado o idiota, ele podia era morrer, ficou sabendo?, um raio matou o noivo da Vivi?, ia ser tão bom!, ai, ia ser ruim, coitado, credo, desejar mal é ruim, até pra gente ruim, olha só eu falando do cara e fazendo igual, que destino incerto o meu, de seminarista em fé, fé sem obras é morta, que desgraça ela lá e eu aqui, que bosta, a gente podia tá feliz, na verdade eu gosto é de você, nossa, ia ser tão bom, dançando o forró bem juntinho, ela enfermeira, vem cuidar de mim, que idiota!, você é muito idiota, eu que sou mesmo, coisa infantil, romantismo imbecil, caramba, vai se ferrar Vivi, vai não, Vivi, eu que não sei controlar, perdão, Deus, minha Nossa Senhora, a gente não sabe o que pensa, rogo-vos, minha mãe santíssima, me ajude, obrigado, Ave Maria, simplesmente obrigado, amém, não sei o que serei ou farei mas tudo a ti entregarei, Deus é bom, se fez o que eu sinto, é, sim, bom</div>
Igor Camposhttp://www.blogger.com/profile/05330180502034694092noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8609342342102097950.post-18833867068127856702015-08-23T16:28:00.004-07:002015-08-23T16:28:57.388-07:00Chegada<div style="text-align: justify;">
Maura foi heroína de nossa gente. Limpa, partiu sem conhecer a preguiça. Nasceu, branca nevada, filha do dia. Era filha de negro e de negra. Primeiro, o pai desconfiou traição. Ele, na certeza, bateu na mãe muitas vezes. Batia outras vezes pela dúvida. O barulho das chaves era um aviso. Silêncio. A mãe aguardava infeliz o seu retorno. Maura enxergava as sombras se atracando, a dança insana de mãos e pernas. Era a covarde encenação cotidiana: o pai, com o punho em riste, açoitava sua cativa. Uma vez, no Natal, a mãe cuspiu sangue. O pai fechava a porta com violência, sumindo por vários dias. A mãe se recompunha ao final, bamboleando até a cozinha, cantando canções de louvor. João 12:23 se cumpriria, ela tinha esperança. Ele há de vir. O Menino Jesus, deitado à mesa, foi testemunha do triste rito. Natais eram alegres. Era tempo de Maura ganhar boneca de outros usos. Foi criança que brincava na vida, no tempo entre os ofícios. Tinha vocação de limpeza desde a tenra idade. Trabalhava.</div>
<div style="text-align: justify;">
Maura veio de repente. Rompeu seu casulo maternal num setembro distante, Deus sabe onde. Chegou pobre, minguada, esquisita, de cara doente. Tinha os olhos errosos. Não era traição, era um castigo. Maura era doente, chorante, pobre de nem se ter dó. Estudava com dificuldade já que tinha os olhos errosos. Maura era a alegria da sala. Quando a menina entrava, o lugar se enchia de gargalhadas infantis. Podia uma menina ser tão feliz? Era satisfeita, ouvia bem baixinho. Não havia bem algum para ouvir, ela não havia de reclamar. A menina, quase surda, quase cega, calada. Ao fundo, grita-se leite azedo, albina, cotonete. Crianças são puras. Maura rabiscava seus cadernos, escrevendo letras confusas, pensando ansiosa no próximo Natal. </div>
<div style="text-align: justify;">
O cômodo em que ela sobrevivia era bem menor do que a casa onde crescera. As paredes brancas manchadas. Faxinava o dia todo, sonhava no tempo entre os ofícios. A mãe tinha morrido há dois anos. Maura, a albina, não dava lugar à preguiça. Carecia de ter coragem. Trabalhou. Maura, a nunca esperada. Não teve namorados. Atravessou errada a rua na véspera de Natal. Não precisou esperar. Ônibus são como palavras sem freio. Motoristas entorpecidos de injetáveis não tem misericórdia em seus pés furiosos.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ela estava ainda mais alva. Maura no caixão no meio do velório. Uns poucos assistiram à sua descida ao sepulcro. Todos se esqueceram de que ela não mais voltaria. E de que o corpo dela, mais tarde, seria devorado e absorvido pela terra. </div>
<div style="text-align: justify;">
Maura tinha partido e somente Deus aguardava a sua chegada.</div>
Igor Camposhttp://www.blogger.com/profile/05330180502034694092noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8609342342102097950.post-69028787890331829652015-03-21T16:10:00.001-07:002015-03-21T16:10:25.309-07:00Entre viver e morrerO silêncio é uma quebra<br />Da vida que emana som.<br />É o estado que celebra<br />O desacerto do tom.<br /><br />Num discurso que eu faço<br />Ou quando toco acordeon<br />Se há, pois, o descompasso<br />Degenera-se o frisson.<br /><br />Da existência um pedaço<br />As vozes vêm preencher:<br />Se situam no espaço<br />Entre viver e morrer.Igor Camposhttp://www.blogger.com/profile/05330180502034694092noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8609342342102097950.post-15813548228843941812015-03-16T06:09:00.004-07:002015-03-16T06:09:47.526-07:00Carta a um(a) amigo(a) que se diz cristã(o)<div style="text-align: left;">
Caro(a) amigo(a) que se diz cristã(o),</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Se o cristianismo pra você se resume a frases feitas, prosperidade e meditações espiritualistas ou não tem (ou perdeu) a relevância nos seus conflitos e questões cotidianas, e por isso você precisa encontrar respostas em outras cosmovisões, tais como feminismo e marxismo, uma coisa é verdade: você já deixou de ser cristão. Um legítimo marxismo cristão (ou cristianismo marxista) ou feminismo cristão (ou cristianismo feminista) é tão plausível quanto um ateísmo cristão (ou um cristianismo ateísta). Brincadeiras com os ismos à parte, seu "cristianismo" é raso, frágil... Você se diz cristão mas sua fé não toca a realidade!</div>
<div style="text-align: justify;">
A dicotomia entre a sua suposta liberdade (moral, religiosa, afetiva) e as prisões da sua natureza determinista te desnorteia, e não há utópica dialética que misture essa água e esse óleo. Aí vem você e dá um salto existencial no culto de domingo no qual você percebe um pouco de sentido à sua vida. "O coração humano é uma fábrica de ídolos. Cada um de nós é, desde o ventre materno, experto em criar ídolos", já dizia Calvino e você, desta forma, criou o seu! Você o moldou conforme suas inclinações, medos e anseios e agora presta a ele obediência. O ídolo é seu guia e você não depende mais do Deus invisível. Seja seu ídolo os seus desejos, as pessoas que você ama, o capital, sua filosofia, as forças sociais, a teologia, a luta de classes, ou qualquer outro que seja, ele é sempre uma negação da revelação de Cristo.<br />
Faço, então, dois pedidos para você.<br />
Somos seres essencialmente religiosos, não há como negar. Se você entende a impossibilidade de consonância entre seu ídolo e sua fé, é um bom sinal. Ore a Deus pedindo sua direção e abrace o <i>sola scriptura </i>(somente a escritura) como único princípio norteador da sua cosmovisão; única regra de fé e prática.<br />
Se você ainda assim se recusa a entender que o cristianismo não é e jamais será dialético, e que é impossível misturar suas convicções ideológicas sectaristas com a sua fé cristã, é melhor que você siga sua vida sem se dizer cristão. Seja honesto(a) consigo mesmo(a) e não continue envergonhando o evangelho da cruz. Assuma as suas convicções secularistas, tente viver segundo sua própria cosmovisão. Talvez - e só talvez - seja menos doloroso, ainda que seja, certamente, um prejuízo inimaginável.<br />
<br />
No desejo que você se encontre, uma hora ou outra, em meu primeiro pedido.</div>
Igor Camposhttp://www.blogger.com/profile/05330180502034694092noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8609342342102097950.post-72906787109774803142015-03-06T08:30:00.002-08:002015-03-06T08:30:30.896-08:00Sabiás românticos, por Cecília Meireles<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://dc404.4shared.com/img/YDE13sHH/s7/132ef76ae08/sabi-da-mata.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://dc404.4shared.com/img/YDE13sHH/s7/132ef76ae08/sabi-da-mata.jpg" height="321" width="400" /></a></div>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Se eu disser que o mês de agosto chega no bico dos sabiás - quem me vai entender? Quem me vai entender, se eu disser que entre as névoas da manhã, sabiás invisíveis - nas mangueiras? nos ipês? - anunciam o céu azul e o dia mesmo? Ninguém sabe mais o nome das aves. As aves desapareceram com as muralhas de cimento armado, com os fios que cruzam os ares, com a fumaça e os ruídos da cidade hostil.</div>
<div style="text-align: justify;">
Os velhos cronistas que viram uma terra diferente, puderam anotar com minuciosas palavras: "... criam-se em árvores baixas, em ninhos, outros pássaros, a que o gentio chama sabiá-oca, que são todos aleonados, muito formosos, os quais cantam muito bem ... " O ouvido do segundo cronista era mais apurado - e ele escrevia: "Outro pássaro se acha, chamado sabiá, da feição do melro de Espanha - e antes cuido que é o próprio, porque canta como eles, sem lhe faltar mais que um dobrete..: " Um terceiro cronista opinava:"... sabiás que chamam "das praias", por andarem sempre nas ribanceiras (onde só cantam), mais que todos suaves."</div>
<div style="text-align: justify;">
Não me lembro de ter ouvido esses cantos "mais que todos suaves" entre os versos do século XVIII. Nesse tempo, andavam os poetas ainda muito lembrados dos rouxinóis europeus, e a paisagem brasileira facilmente se confundia com os bosques da Arcádia.</div>
<div style="text-align: justify;">
Foi preciso que viessem os românticos, já num Brasil independente, para que, na culta Coimbra, uma voz recordasse os bosques e as várzeas da pátria distante e escrevesse a "Canção do Exílio":</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<blockquote class="tr_bq">
<div style="text-align: justify;">
<i>"Minha terra tem palmeiras</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>onde canta o sabiá..."</i></div>
</blockquote>
<span style="text-align: justify;">Os jovens poetas que se seguiram, todos se lembraram do pássaro de voz suave:</span><br />
<blockquote class="tr_bq">
<div style="text-align: justify;">
<i>"É um país majestoso</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Essa terra de Tupá,</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Desd' o Amazonas ao Prata</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Do Rio Grande ao Pará!</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>- Tem serranias gigantes</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>E tem bosques verdejantes</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Que repetem incessantes</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Os cantos do sabiá!"</i></div>
</blockquote>
<div style="text-align: justify;">
O sabiá sugeria vozes de anjos mortos, de almas errantes, de gênios da tarde. ("São os sabiás que cantam /nas mangueiras do pomar...")</div>
<div style="text-align: justify;">
Chamavam-no "formoso", "sonoro", "poeta da solidão"... Chamaram-no mesmo "alado Anacreonte"...</div>
<div style="text-align: justify;">
Isso foi num tempo de mansões, varandas, laranjeiras, mangueiras, quando os poetas conversavam com donzelas líricas e muito frágeis, que lhes diziam: "Nunca mais eu virei, risonha e louca/roubar o ninho ao sabiá choroso"... (Falavam assim, as moças de então!)</div>
<div style="text-align: justify;">
Agora vem agosto, nas asas dos sabiás suaves. E eu penso nos velhos cronistas que os descreveram e nos poetas que prestaram atenção ao seu canto: um Gonçalves Dias, um Bernardo Guimarães, um Casimiro de Abreu, um Fagundes Varela, um Castro Alves:... E é como se estivessem comigo, esses poetas, para ouvir, entre mangueiras e ipês, os "chorosos sabiás".</div>
Igor Camposhttp://www.blogger.com/profile/05330180502034694092noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8609342342102097950.post-21500869970822257472015-02-20T07:03:00.002-08:002015-02-20T07:03:49.584-08:00A VOZ - Os Arrais ft. Daniela Araújo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe width="320" height="266" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://ytimg.googleusercontent.com/vi/HUaK0LH6UgI/0.jpg" src="http://www.youtube.com/embed/HUaK0LH6UgI?feature=player_embedded" frameborder="0" allowfullscreen></iframe></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
O sozinho e ferido, cansado e faminto que estão no escuro</div>
<div style="text-align: center;">
Em terras longínquas e mares distantes, a luz ressurgirá</div>
<div style="text-align: center;">
Pois Ele é a voz que fala ao coração</div>
<div style="text-align: center;">
Sobre esperança e um futuro além do que se pode ver</div>
<div style="text-align: center;">
E o Reino vem aos que esperam o Desejado das nações</div>
<div style="text-align: center;">
Em Seu nome a terra treme</div>
<div style="text-align: center;">
O reino vem</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
O exaltado e rico, arrogante e orgulhoso que estão no escuro</div>
<div style="text-align: center;">
Em mansões construídas no abuso do pobre, a luz ressurgirá</div>
<div style="text-align: center;">
Pois Ele é a voz que fala ao coração</div>
<div style="text-align: center;">
Sobre esperança e juízo além do que se pode ver</div>
<div style="text-align: center;">
E o Reino vem aos que não esperam o Desejado das nações</div>
<div style="text-align: center;">
Em Seu nome o inferno treme</div>
<div style="text-align: center;">
O reino vem</div>
<div style="text-align: center;">
Pois Ele é a voz que fala ao coração</div>
<div style="text-align: center;">
Sobre esperança e um futuro além do que se pode ver</div>
<div style="text-align: center;">
E o Reino vem aos que esperam o Desejado das nações</div>
<div style="text-align: center;">
Em Seu nome a terra treme</div>
<div style="text-align: center;">
O reino vem</div>
Igor Camposhttp://www.blogger.com/profile/05330180502034694092noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8609342342102097950.post-11591871672639815602015-01-05T16:25:00.003-08:002015-01-05T16:34:40.990-08:00José PetistaUma poesia drummondiana pós-eleitoreira para josés e marias petistas:<br />
<br />
E agora, José?<br />
a festa acabou,<br />
<br />
<br />
(X) Cid Gomes<br />
(X) George Hilton<br />
(X) Jaques Wagner chegou,<br />
(X) Gilberto Kassab<br />
(X) Kátia Abreu<br />
<br />
militância apagou,<br />
(X) Dilmãe <br />
(X) Rainha da Nação sumiu,<br />
(X) Presidenta<br />
<br />
o vermelho esfriou.<br />
o riso não veio,<br />
não veio a utopia.<br />
<br />
E agora, José?Igor Camposhttp://www.blogger.com/profile/05330180502034694092noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8609342342102097950.post-30595402859150719392014-10-25T11:36:00.002-07:002014-10-25T11:36:21.030-07:0020 posts com Cecília<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhy3I8GH5tjo54CtGXxDP_-z9jDLJIb3B8Xg2WGgy425F30-O1emAyH0GuY_njnccsOUXOW4sk_WF_Ve5cHCYMypqBvmur_WU4wvWj0C84CFCT6faVIni8M2VYm2jC4S8Nb4e3AXvIsZZk/s1600/Cec%C3%ADlia+Meireles2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhy3I8GH5tjo54CtGXxDP_-z9jDLJIb3B8Xg2WGgy425F30-O1emAyH0GuY_njnccsOUXOW4sk_WF_Ve5cHCYMypqBvmur_WU4wvWj0C84CFCT6faVIni8M2VYm2jC4S8Nb4e3AXvIsZZk/s1600/Cec%C3%ADlia+Meireles2.jpg" height="340" width="400" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Eu conhecia apenas a poetisa: a Cecília da feminilidade em sua essência, dos versos construídos de graça e beleza, da infância doce e eterna da vida.<br />
Ganhei, então, de presente uma compilação de crônicas para jovens, editada por Antonieta Cunha e publicada pela Editora Global. </div>
<div style="text-align: justify;">
Li, reli e me senti velho diante da jovialidade da cronista Cecília Meireles.<br />
Era muita riqueza de simplicidade, de louvor à natureza e à sabedoria popular.<br />
Precisava registrar minhas impressões para que não fugissem no emaranhado dos dias.<br />
Farei, pois, durante 20 postagens acerca de 20 crônicas, uma apropriação (como gostam os linguistas) honrosa das palavras de Cecília ao meu maltrapilho discurso.</div>
<div style="text-align: justify;">
Finalizo essas minhas enunciações com a poetisa (meta)discursando poesia:</div>
<i></i><br />
<div>
<i><i><br /></i></i></div>
<i>
<div>
<i><br /></i></div>
E aqui estou, cantando.<br /><br />Um poeta é sempre irmão do vento e da água:<br />deixa seu ritmo por onde passa.<br /><br />Venho de longe e vou para longe:<br />mas procurei pelo chão os sinais do meu caminho<br />e não vi nada, porque as ervas cresceram e as serpentes<br />andaram.<br /><br />Também procurei no céu a indicação de uma trajetória, <br />mas houve sempre muitas nuvens.<br />E suicidaram-se os operários de Babel.<br /><br />Pois aqui estou, cantando.<br /><br />Se eu nem sei onde estou, <br />como posso esperar que algum ouvido me escute?<br /><br />Ah! Se eu nem sei quem sou, <br />como posso esperar que venha alguém gostar de mim?</i><br />
<div>
<div>
<br /></div>
MEIRELES, Cecília. Discurso. In: <i>Poesia completa</i>. 4ª ed. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1993.</div>
Igor Camposhttp://www.blogger.com/profile/05330180502034694092noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8609342342102097950.post-5725139475922890482014-10-15T10:44:00.001-07:002014-10-15T10:55:16.280-07:00Profissão de Féquem é este tal<br />
chamado professor<br />
(que rima com dor<br />
mas também rima com valor?)<br />
o professor é aquele que avalia o menos e o mais<br />
um eterno matemático<br />
a fazer a média ponderada das situações<br />
mediando as culturas e os saberes<br />
permitindo aos pupilos fazerem-se sujeitos.<br />
é quem professa votos à educação<br />
muitas vezes vencido pelos seus vencimentos,<br />
(um soldo sem saldo)<br />
ou pela palavra mal-dita de pai,<br />
ou pelo descaso desacato de mãe,<br />
ou pelo estilete apontado de filho.<br />
é profissão de fé<br />
que não é credo niceno<br />
mas comunga das virtudes da boa doutrina,<br />
aquela que abre caminhos à vida!<br />
não é mero despenseiro de saberes palmatórios<br />
d'alto dum pedestal de marfim.<br />
tampouco é como diz a nossa nova pedagogia<br />
não é simplório coadjuvante da aventura escolar<br />
mas é ministro de sacramentos:<br />
propicia a ceia com os gigantes do mundo das ciências e logias,<br />
na qual todos comem juntos pão e vinho,<br />
e o batismo nas águas da cidadania.<br />
é aquele que disse Coralina:<br />
aprende e ensina<br />
sabe bem quando assumir um papel no palco<br />
e quando deve se fazer plateia<br />
magistério é ministério<br />
e também mistério:<br />
é o homem permanentemente aluno.<br />
quem é este tal<br />
chamado professor<br />
(que rima com dor<br />
mas também rima com valor?)<br />
o professor é, antes de tudo, um forte.<br />
<br />Igor Camposhttp://www.blogger.com/profile/05330180502034694092noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8609342342102097950.post-78364613412587267632014-10-10T06:44:00.003-07:002014-10-10T06:44:52.932-07:00Confiança<br />"Coragem proveniente da convicção no próprio valor; <div>
Esperança firme;</div>
<div>
Fé que se deposita em alguém",</div>
<div>
<div>
diz o dicionário sabido.</div>
<div>
eu, sendo assim, sou covarde.</div>
<div>
não tenho mais a coragem da entrega</div>
<div>
meus pés firmaram demais no chão</div>
<div>
não consigo mais voar contigo</div>
<div>
pelo medo de cair, de cima,</div>
<div>
sozinho.</div>
<div>
não tenho a absoluta convicção </div>
<div>
no valor que criei com tanto carinho</div>
<div>
como uma mãe sabiá cuidando dos filhotinhos.</div>
<div>
Devo ser qual cantou o sertanejo:</div>
<div>
sou igual ao sabiá</div>
<div>
quando canta é só tristeza</div>
<div>
desde o galho onde ele está.</div>
<div>
Minha esperança, nada firme,</div>
<div>
é que a esperança volte.</div>
<div>
E a fé,</div>
<div>
esse salto maravilhoso da fé,</div>
<div>
guardo para Deus</div>
<div>
e tão somente para Deus</div>
<div>
e seus mistérios da meia-noite.</div>
<div>
<br /><div>
<div>
<br /></div>
</div>
</div>
</div>
Igor Camposhttp://www.blogger.com/profile/05330180502034694092noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8609342342102097950.post-15952738642709080092014-09-15T07:25:00.001-07:002014-09-15T07:25:15.109-07:00O dia que pensei ser o fim do mundo mas não era nada dissoNo sábado às sete da manhã<br />
um repentino e terrível vendaval balançava as janelas de lata<br />
assobiando furioso.<br />
Pelas janelas eu via as árvores dançando loucamente<br />
como se não houvesse amanhã<br />
serpenteando escatologicamente.<br />
Um alarme disparava ao longe<br />
uma voz misteriosa, nem tão longe, começava a discursar na escuridão.<br />
Seriam os sete anjos<br />
tocando as sete trombetas<br />
arrebatando os homens e mulheres nus<br />
anunciando o fim-de-todas-as-coisas?<br />
Aquietei-me, enfim,<br />
quando bêbado de sono<br />
e com fome de sonho,<br />
descobri na janela:<br />
eis o mistério da fé!<br />
silencia-se o alarme<br />
e a voz do vendedor, agora perto,<br />
anuncia seu amendoim torrado.<br />
mais sete minutinhos!<br />
Deitei,<br />
dormi,<br />
em paz.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />Igor Camposhttp://www.blogger.com/profile/05330180502034694092noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8609342342102097950.post-67446805481407434212014-07-09T05:14:00.001-07:002014-07-09T05:14:09.679-07:00Drummond: poeta e profeta<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px; margin-bottom: 6px;">
Foi-se a Copa?</div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Carlos Drummond de Andrade</div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Foi-se a Copa? Não faz mal.<br />Adeus chutes e sistemas.<br />A gente pode, afinal,<br />cuidar de nossos problemas.</div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Faltou inflação de pontos?<br />Perdura a inflação de fato.<br />Deixaremos de ser tontos<br />se chutarmos no alvo exato.</div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
O povo, noutro torneio,<br />havendo tenacidade,<br />ganhará, rijo, e de cheio,<br />A Copa da Liberdade.</div>
<div style="background-color: white; color: #141823; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px; margin-top: 6px;">
</div>
<div>
<div style="background-color: white; color: #141823; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px; margin-top: 6px;">
<br /></div>
</div>
<i>Publicado no Jornal do Brasil em 24/06/1978.</i>Igor Camposhttp://www.blogger.com/profile/05330180502034694092noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8609342342102097950.post-24006211561566521012014-07-07T12:15:00.002-07:002014-07-07T12:15:08.608-07:00EstrelasPreciso alguém que queira<br />
ser protegida<br />
e se surpreenda com minhas ternuras e me faça as suas<br />
que me devote doçura<br />
e sorrisos sinceros<br />
que não tenha medo de matar sua vontade junto com a minha<br />
pra fazer a nossa.<br />
<br />
Preciso alguém que queira ver comigo as estrelas<br />
e se alegre na simplicidade de tudo<br />
onde sentar na pracinha feinha do bairro<br />
seja virtude de estar junto.<br />
<br />
alguém que creia<br />
só ser preciso,<br />
fé, um beijo, um queijo e as estrelas.Igor Camposhttp://www.blogger.com/profile/05330180502034694092noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8609342342102097950.post-78671029087557973712014-05-12T09:07:00.002-07:002014-05-12T09:07:27.058-07:00Lenine, paciência e a raridade da vida<div style="text-align: justify;">
Na contemporaneidade não existe espaço para a paciência. Tudo tem que ser rápido. Atendimentos, entregas, telefonemas, abraços, conversas, beijos, viagens. Nosso tempo é curto para tanto compromisso. Tomar um bom café com a família, uma boa prosa com os amigos e namorar sem pressa são utopias. No corre-corre do tempo presente, um carro te fecha no trânsito, um colega de trabalho importuna você, professores não divulgam notas, a coxinha vem fria da lanchonete, o pão-de-forma está no lado direito da bancada da cozinha e não no lado esquerdo. Tudo aquilo que contraria a nossa vontade é motivo suficientemente justificável para nos irritar. Saímos do sério e perdemos a razão por simplesmente não aceitarmos um contraponto, uma opinião diferente ou uma situação que não estava planejada. Esse comportamento irritadiço denota uma visão hedonista da realidade.<br />
Nas Escrituras vemos que Jó esperou com paciência em suas tribulações, Jacó esperou com paciência por sua esposa Raquel e tantos profetas esperaram pacientemente a resposta e a justiça de Deus. Abraham Kuyper diz que a<i> "paciência é um fruto do Espírito, s</i><i>ua semente não está conosco</i>". Se a paciência está ausente em nós, é tempo de repensar. A vida é oportunidade única e maravilhosa de propagar as maravilhas de Deus através das belezas por ele criadas. Vida essa que exige de nós paciência. Paciência para aguardar as repostas certas. Paciência para trabalhar por mudanças e também para esperar que elas aconteçam. Paciência para se calar quando preciso e controlar o que fala, que é sempre preciso. Paciência para comer, orar, ler, namorar, trabalhar. Paciência para entender que nossa vida é rara e preciosa demais para viver sem paciência.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="360" src="https://www.youtube.com/embed/4GFtjl6Gsjk" width="480"></iframe><br />
<br />
<br />
Será que é tempo<br />
Que lhe falta pra perceber?<br />
Será que temos esse tempo<br />
Pra perder?<br />
E quem quer saber?<br />
A vida é tão rara<br />
Tão rara.<br />
<br />
<b><br /></b><b>REFERÊNCIA:</b><br />
[1] KUYPER, Abraham. <b>Paciência, uma raridade. </b>Disponível em <http://www.monergismo.com/textos/frutos/paciencia-raridade_kuyper.pdf>. Acesso em 04 de abril de 2014.Igor Camposhttp://www.blogger.com/profile/05330180502034694092noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8609342342102097950.post-79090416359140245792014-05-02T11:43:00.002-07:002014-05-02T11:43:58.676-07:00Somos doisna terra-média<br />
somos arwen e aragorn<br />
na américa bonnie e clyde e<br />
também somos<br />
jennifer e jonathan hart<br />
<br />
somos tupiniquim<br />
ceci e peri<br />
bibiana e capitão rodrigo<br />
en la mancha nosotros somos<br />
quixote e dulcinéia<br />
<br />
provincianos somos<br />
elizabeth e darcy<br />
humanos somos<br />
basílio e luísa<br />
lancelot e guinevere<br />
<br />
somos classicamente<br />
dante e beatriz<br />
tristão e isolda<br />
penélope e ulisses<br />
<br />
para mim<br />
somos eugênio e olívia<br />
mas no fim,<br />
todos somos<br />
riobaldo e diadorim.Igor Camposhttp://www.blogger.com/profile/05330180502034694092noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8609342342102097950.post-67835811558520126732014-04-24T12:08:00.005-07:002014-04-24T12:14:17.515-07:00Mataram um homem no Coração Eucarísticohoje às vinte e duas horas mataram um homem na rua Padre Demerval Gomes<br />
o rapaz era um conhecido ladrão de carros<br />
que quis levar mais um na rua Padre Demerval Gomes.<br />
<br />
carregada a arma, mostrou à vítima querendo rendição<br />
vítima era policial<br />
legitimou sua defesa atirando no ladrão<br />
o comparsa trocou tiros mas fugiu na escuridão.<br />
<br />
chega mais polícia para periciar o caso<br />
chega gente (vem ver)<br />
chega mais, gente! vem ver!<br />
<br />
o comparsa sumido<br />
o corpo estendido<br />
e os smartphones em riste jornalístico<br />
e graças a isto, é possível vermos<br />
e revermos<br />
e revermos<br />
com uma riqueza impressionante de detalhes na filmagem hd 41 megapixels<br />
o brilho nos olhos do morto<br />
a baba de sangue da morte.<br />
<br />
em outro lado da cidade a mãe nem sabia ainda<br />
fazia a janta da casa e esperava o filho bandido<br />
era bandido, mas era filho e era gente.<br />
<br />
legitimidades do caso:<br />
o policial agia em legítima defesa<br />
da vida<br />
a população agia em legítima defesa<br />
da curiosidade<br />
o whatsapp agia em legítima defesa<br />
do prazer visceral pela morte.Igor Camposhttp://www.blogger.com/profile/05330180502034694092noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8609342342102097950.post-54618734926069198412014-03-30T12:50:00.002-07:002014-03-30T12:50:44.444-07:00LeniFechei os olhos e nos imaginei em praia<br />
você ao piano me tocava os ouvidos<br />
seu cabelo serpenteando ao vento da maré<br />
<br />
Ao ver-te sorrindo morri e vivi<br />
morri, pois me transportei aos últimos céus em transverberação.<br />
<br />
Abri os olhos sem praia sem piano<br />
mas tendo você ainda e o sorriso...<br />
Ah! aí quando te vi assim<br />
assim como és,<br />
aí sim.<br />
aí sim é que vivi.Igor Camposhttp://www.blogger.com/profile/05330180502034694092noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8609342342102097950.post-75192944124074394032014-03-17T07:52:00.003-07:002015-03-06T08:27:52.087-08:00Bem no meio do Coração Eucarístico, uma cançãoBem na Praça da federação<br />
uma sombra nesse coração eucarístico de Jesus, que olha por nós,<br />
bem debaixo dos flamboyants floridos<br />
e outras temporonas árvores que dançam ao vento musicando o dia,<br />
cruzam médicos e doutores<br />
alunos e professores<br />
que por seus problemas crônicos<br />
(pois não há tratamento para a pressa dessa vida)<br />
deixam dadivosa beleza bem no centro de seus esquecimentos<br />
até a vetustade clamar seu tempo<br />
ou de Deus for o intento despertá-los da insânia dessa primavera.<br />
<br />
Um dia primavera.<br />
Um dia verão<br />
que bem no centro da Praça da Federação existe uma afinada canção<br />
que atravessa tempo e pensamento.<br />
<br />
Quem dirá, pois, qual outra canção?<br />
Além daquela outorgada pelos céus na criação?<br />
cantando luzeiros sobre a escuridão<br />
bem no meio desse eucarístico coração.Igor Camposhttp://www.blogger.com/profile/05330180502034694092noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8609342342102097950.post-68866587409751750712014-02-16T16:48:00.002-08:002014-02-16T16:48:58.218-08:00SofroQuanta tristeza não cabe no meu peito<br />
já chorei do corpo toda a água<br />
fico debruçado na janela imaginando:<br />
será que na rua abaixo estás tu também debruçada<br />
e na janela suspira triste a minha falta?<br />
um canto melancólico na vizinhança abate-me ainda mais<br />
e quando ouço a música da bela flor<br />
não contenho as lágrimas<br />
em meu sonho estamos novamente juntos<br />
aos beijos e abraços e te-amos<br />
dançando a mais bela sinfonia da Terra.<br />
Não sei que será<br />
só sei que sofro<br />
da vida, minha nova certeza<br />
<br />Igor Camposhttp://www.blogger.com/profile/05330180502034694092noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8609342342102097950.post-44238079427966588482014-01-21T17:53:00.004-08:002014-01-21T17:53:54.107-08:00Insatisfação_Uma fruta quase madura.<br />_Ainda é verde.<br />_Copo d'água com mais da metade.<br />_Ainda está vazio.<br />_Viagem de quase um mês.<br />_Ainda é pouco.<br />_Economizar quase todo o salário.<br />_Ainda é ninharia.<div>
_É quase a mais azul.</div>
<div>
_Ainda é incolor.<br /><div>
_Quase cheio de açúcar.</div>
<div>
_Ainda está amargo.</div>
<div>
_Quase adiantados.</div>
<div>
_Ainda é atraso.</div>
<div>
_É quase o maior.<br />_Ainda é pequeno.<br />_Chegar quase no topo.<br /><div>
_Ainda é baixo.</div>
<div>
_Quase salgado.</div>
<div>
_Ainda é insosso.</div>
<div>
_Ser quase o melhor.</div>
<div>
_Ainda é fracasso.</div>
<div>
_Quase no ponto.</div>
<div>
_Ainda está cru.</div>
</div>
<div>
_Quase tudo.</div>
<div>
_Ainda é nada.</div>
<div>
_Quase brigando.</div>
<div>
_Ainda está bem.</div>
<div>
_Quase indo embora.</div>
<div>
_Ainda está aqui.</div>
<div>
_Quase um ano.</div>
<div>
_Ainda dói.</div>
<div>
<br /></div>
</div>
Igor Camposhttp://www.blogger.com/profile/05330180502034694092noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8609342342102097950.post-44360462481411838842013-11-18T10:57:00.000-08:002013-11-18T10:57:07.026-08:00NósQue pequeno nome tens<div>
que nas letras que deténs</div>
<div>
comporta caudaloso rio?</div>
<div>
<br /></div>
<div>
E teu cheiro carmim de fruta</div>
<div>
faz de ti tão resoluta</div>
<div>
que me envolve no seu brio?</div>
<div>
</div>
<div>
Do amarelo que vestir detestas</div>
<div>
restam-me os cabelos, que folhagem sazonal!</div>
<div>
e do som destas pisadas folhas</div>
<div>
tenho prazer qual teu sorriso outonal</div>
<div>
e desejo que me acolhas</div>
<div>
com tua voz de serestas:</div>
<div>
<br /></div>
<i>Meu coração, não sei por quê<br />Bate feliz quando te vê.</i><div>
<br /></div>
<div>
Teu nome és meu verso</div>
<div>
que o universo é pronome:</div>
<div>
nós.</div>
Igor Camposhttp://www.blogger.com/profile/05330180502034694092noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8609342342102097950.post-33116537187190430662013-11-11T10:51:00.002-08:002013-11-11T11:18:41.734-08:00Balinhas<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Eram dois meninos bem pequenos. O menino maior tinha oito anos e uma feia cicatriz que contornava a metade que era sua orelha esquerda. O menor tinha os olhos negros mais vívidos que uma criança de quatro anos podia ter. Ambos os meninos com as cabeças raspadas e as roupas surradas.<br />
_ Estação Vila Oeste. Desembarque pelo lado esquerdo do trem.<br />
Vinham caminhando pelo vagão do metrô. Pareciam dois coroinhas numa missa de domingo com as mãos igualmente juntas a rezar. Recitavam em uníssono o verso decorado:</div>
<div style="text-align: justify;">
_ Moço, quer comprar balinha?</div>
<div style="text-align: justify;">
Um homem rudemente:<br />
_ Não.<br />
_ Moça, quer comprar balinha?</div>
<div style="text-align: justify;">
_ Lindinho, a tia não tem agora, tá bom?<br />
_ Moça, quer comprar balinha?<br />
_ Tô sem dinheiro agora, depois eu compro.</div>
<div style="text-align: justify;">
Perguntaram a cada passageiro, de pé ou assentado, se era do interesse deles comprar as balinhas. O rosto do menino menor estava cheio de marcas roxas e no maior haviam pequenas feridas ainda vermelhas.<br />
_ Estação Gameleira.<br />
Percebendo que em vão haviam oferecido a mercadoria, resolveram os meninos fazer uma pausa e tornarem-se crianças. Nada tendo vendido, abandonaram as balas e o pote de sorvete que receberia as moedas e começaram a correr divertidamente pelo vagão.<br />
_ Estação Calafate.<br />
Uma brincadeira de pique-pega. O menor era involuntariamente o pegador: era o menor. Corria bobo tentando alcançar o maior, que se esquivava lá e cá e fugia das apalpadelas do menor. Risos infantis enchiam o vagão de alegria. Eram duas da tarde de uma terça-feira e o fato de haver poucos passageiros entrando e saindo pelas portas era o combustível para a brincadeira ir adiante.<br />
_ Estação Carlos Prates.<br />
A mãe estava sentada bem à frente e olhava atentamente os filhos.<br />
_ Menino, vem aqui agora, e traz seu irmão aqui.<br />
Ela era uma mãe zelosa com o negócio e advertiu o menino maior com um apertão na orelha cortada.<br />
_ <i>Cês</i> <i>tão</i> falando direito, fazendo cara de dó? Do jeito que eu falei pra falar? Hein? Já <i>vamo</i> descer e essa droga ainda cheia de bala. <i>Cê</i> vai ficar aqui dentro e vai <i>vendê</i> isso. Entendeu, meu bem? Entendeu, meu filho?<br />
E riu.<br />
_ Estação Lagoinha. Acesso à Rodoviária.<br />
_ Vem, - disse a mãe puxando o menino menor.<br />
Atravessaram a porta mãe e filho mais novo, alcançando as escadas enquanto o menino maior chorava discretamente as dores do apertão. O choro durou pouco, menos que o suficiente. Não podia ser criança. Não agora, pois tinha trabalho a fazer. Em poucos segundos secou as lágrimas e continuou, desenvolvendo mais seu discurso:<br />
_ Moço, cê quer comprar balinha? Tem de goma, com chicletes e drops.<br />
_ Me dá três da azedinha.<br />
_ Estação Central.<br />
O menino maior fez todo o trajeto do metrô vendendo balas. Na última estação, desceu e começou o caminho contrário. Durante a volta pra casa, passaram pela sua cabeça poucos pensamentos. Não conhecia muita coisa além daquilo que fazia, afinal lia penosamente. Escola de pobre era surra e trabalho, segundo a mãe. Frequentava as aulas de manhã para receber o auxílio do governo.<br />
Pensou em comida, no pique-pega e nas balas todas que conseguiu vender. Será que havia um lugar doce feito bala?<br />
_ Estação Lagoinha. Acesso à Rodoviária.<br />
O auto-falante anunciou sua estação. Saiu do trem, subiu as escadas e atravessou a longa passarela.<br />
A alguns quilômetros dali jazia sua mãe numa calçada. Vinte e três tiros disparados. Quinze derrubaram a mãe tingindo de vermelho o asfalto e a porta do barraco. Oito balas desenhavam feia imagem no muro. Chegaram no local vizinhos, polícia, filho maior, ambulância e o rabecão. Uma mulher em desespero uivava a perda. Os dois filhos contemplavam a morte de longe enquanto o corpo da mãe se distanciava deles.<br />
No velório um padre fala rapidamente boas palavras, asperge água sobre a mãe e encomenda a alma à Deus. Sem coroa de flores, num caixão doado pela funerária. Tinham que ser rápidos. Depois de algumas horas o caixão desceu, e os filhos, amparados por familiares, choraram pouco. Não era, novamente, o momento de serem crianças. Um gosto amargo veio a boca do menino mais velho.<br />
No dia seguinte o sol ardia sem nuvens. Olhou o muro e ficou alguns instantes estudando o desenho que as balas formavam. Quando se aproximava bem parecia uma casquinha de sorvete, no entanto, ao se afastar, lembrava uma mulher gorda que tinha visto um dia no metrô. Contou ao irmão menor e eles riram.<br />
Era a tarde de uma quinta-feira e o menino maior não podia chorar seu luto. Caminhou até o vagão repleto de doçuras para vender.<br />
_ Estação Central.<br />
O menino tinha oito anos e estava sozinho em seu labor. O irmão menor ia agora com o pai aos semáforos. Sua cicatriz ardia. Se não podia ser criança por enquanto, não podia também falar como uma.<br />
_ Moço, quer comprar bala?<br />
_ Estação Terminal Eldorado. Solicitamos a todos que desembarquem nesta estação.<br />
O garoto pensou novamente em comida, no pique-pega e nas balas que ainda venderia durante a semana.<br />
Pensou também em morte e na vida. A linha da vida continuaria e o menino não queria descer.<br />
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Igor Camposhttp://www.blogger.com/profile/05330180502034694092noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8609342342102097950.post-86979741320638461392013-10-30T11:09:00.000-07:002013-10-30T11:09:04.253-07:00Guarda-chuvaGuarda-chuva<br />
aberto para os pingos<br />
da chuva que vem da roda dos carros<br />
aberto acerta os olhos<br />
de quem<br />
passa também<br />
com o seu guarda-chuva<br />
<br />
fechado é bengala para apoiar<br />
e carabina de menino brincar<br />
fechado faz dor no marido<br />
que no bar esqueceu a canção<br />
que ouviram no início da paixão<br />
<br />
Guarda-chuva<br />
sempre esquecido quando vai a missa<br />
se esconde debaixo do banco<br />
e no Banco fica sobre a mesa da atendente<br />
que deixou o seu no táxi<br />
e antes que até vinte conte,<br />
ele já passeia pelas ruas<br />
todas de Belo Horizonte<br />
<br />
Guarda-chuva que já viu<br />
todo o universo<br />
devia ser grande o suficiente<br />
para guardar a chuva<br />
que mata a sede da gente<br />
<br />
<br />Igor Camposhttp://www.blogger.com/profile/05330180502034694092noreply@blogger.com0